MPT, Semed e Braskem discutem reforma e adaptação de escolas para retomada de aulas presenciais em Maceió

Medida representaria solução provisória para crianças e adolescentes que estudavam em Bebedouro, Bom Parto, Farol, Mutange e Pinheiro enquanto equipamentos definitivos de educação previstos em acordo judicial aguardam construção

Maceió/AL- Em mais um passo para viabilizar o acesso aos serviços de educação da população prejudicada com as fissuras nos imóveis e afundamento do solo em Maceió, o Ministério Público do Trabalho (MPT) foi, nesta terça-feira (3), ao prédio-sede da Secretaria Municipal de Educação (Semed) reunir-se com o titular da pasta, secretário Elder Maia, membros da Procuradoria Geral do Município e representantes da petroquímica Braskem. O encontro mirou a edição de um termo de compromisso a ser assinado entre o ente federativo e a empresa para adaptação e reforma de cinco unidades de ensino. 

Os equipamentos educativos deverão atender provisoriamente crianças e adolescentes que estudavam nos bairros de Bebedouro, Bom Parto, Farol, Mutange e Pinheiro, enquanto as quatros escolas e creche previstas no acordo judicial firmado entre MPT e Braskem, em março de 2020, aguardam construção. O Ministério Público do Trabalho em Alagoas, por meio do 7º Ofício Geral, de titularidade da procuradora Rosemeire Lobo Lamarca, conseguiu que a petroquímica destinasse R$ 30 milhões para estas unidades de ensino definitivas.

MPT, Semed, PGM e Braskem debatem soluções para retomada das aulas na rede municipal de ensino (Foto: Ascom MPT)
MPT, Semed, PGM e Braskem debatem soluções para retomada das aulas na rede municipal de ensino (Foto: Ascom MPT)

Mesmo na expectativa pela viabilização do termo de compromisso, Rosemeire Lamarca pediu para que o Município e a empresa retirassem toda as menções ao órgão ministerial no texto em negociação entre as duas partes. A preocupação da procuradora do Trabalho é que, ao garantir a adaptação e reforma dos equipamentos provisórios para retorno imediato dos estudantes à sala de aula, a ação dê a entender que petroquímica quitou seu compromisso de construir os equipamentos definitivos previstos no acordo judicial com o MPT.

“O termo de compromisso atinge os termos do acordo judicial firmado na ACP 0000648-42.2019.5.19.0007. Destarte, apesar de serem documentos separados, existem cláusulas que poderiam levar a erros de execução do acordo, como considerar a reforma e adaptação dos espaços provisórios uma quitação da obrigação de construir quatro escolas e uma creche inteiramente novas para atendimento definitivo ao público-alvo”, explicou Rosemeire Lamarca.

Por ser um órgão público, a Semed alega que é inviável executar de forma célere a adaptação e reforma das escolas para atendimento provisório às crianças e adolescentes já em fevereiro. O Município cobra da Braskem a execução das obras uma vez que a petroquímica é responsável pelos danos causados à educação devido aos impactos geológicos da extração de sal-gema na região de fissura dos imóveis e afundamento do solo.

Os representantes da empresa disseram que vão estudar a proposta de termo de compromisso da Secretaria Municipal de Educação e da Procuradoria-Geral do Município para, na sequência, manifestar sua posição ao órgão.

Procuradora do MPT Rosemeire Lamarca ressaltou importância da construção dos equipamentos educativos definitvos, conforme disposto no acordo judicial firmado com a Braskem (Foto: Ascom MPT)
Procuradora do MPT Rosemeire Lamarca ressaltou importância da construção dos equipamentos educativos definitvos, conforme disposto no acordo judicial firmado com a Braskem (Foto: Ascom MPT)

Acordo judicial

O Ministério Público do Trabalho em Alagoas obteve em março de 2020, junto à 7ª Vara do Trabalho de Maceió, a homologação do acordo judicial firmado com a mineradora Braskem S.A. Com isso, a empresa teve de depositar, em juízo, R$ 40 milhões em benefício da educação de crianças e adolescentes, fomento ao empreendedorismo, criação de empregos e segurança de moradores e trabalhadores afetados pela extração de sal-gema nos bairros de Bebedouro, Bom Parto, Farol, Mutange e Pinheiro, em Maceió.

A homologação do acordo judicial entre as partes é resultado de uma ação civil pública ajuizada pela procuradora do Trabalho Rosemeire Lobo em julho de 2019. Desde o início do ano passado, o 7º Ofício do MPT em Alagoas engajou-se na defesa dos direitos difusos e coletivos, fazendo-se presente em grupos de trabalho, inspeções na área de risco, entrega de conjuntos residenciais, intervenções junto ao Congresso Nacional e diálogo com todos os setores envolvidos com os prejuízos socioeconômicos a região.

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